O ano é 2025 e Djonga retorna com "Quanto mais eu como mais eu sinto fome", reafirmando que nunca foi embora. Em um cenário onde o rap vive um esvaziamento das vozes críticas, em que a estética e os algoritmos parecem ter vencido a política, o artista mineiro reaparece com esse disco que é como um abraço e um tapa na cara.
O ano era 2018, o álbum era “O menino que queria ser deus” na musica "Ufa", te perguntaram porque você engordou tanto e sua resposta foi porque tava comendo dinheiro. Agora em 2025 você surge com o álbum “Quanto mais eu como mais eu sinto fome” mesmo comendo dinheiro essa fome nao é disso, ne Gustavo?
A metáfora da fome costura todo o disco: uma fome que não se sacia com dinheiro, sucesso ou status. Fome de arte, de voz, de transformação. Fome de justiça. A obra é o retorno de um velho conhecido, mas não um retorno nostálgico. A maturidade aparece, não como apatia, mas como uma nova fúria, refinada, lúcida. A gente poderia dizer “o Djonga de antes voltou”, mas a verdade é que ele nunca foi.
"Quanto mais eu como mais eu sinto fome" chega no momento exato. Enquanto o mundo se esfarela com o retorno de figuras como Trump, retrocessos em pautas sociais, e a maquiagem de diversidade pelas grandes marcas começa a derreter, Djonga encara o sistema e diz: “ainda estou aqui”. É um disco necessário, urgente, que conversa com as pessoas invisíveis que perderam espaços, nas letras, nos palcos, nas playlists, na sociedade.
Você escreve chorando, eu choro ouvindo. Suas letras são suas lágrimas e agora também são minhas. Uma obra que trata da dualidade(como de praxe nas obras de Gustavo) com coragem: entre amar Kanye e se incomodar com suas falas; entre querer viver bem e nunca esquecer de onde veio. Cada faixa se desenha como um fragmento dessa tensão entre o íntimo e o coletivo. Talvez o centro gravitacional do álbum, ele reafirma seu papel de ponte entre mundos: o que ele veio, o que ele vive e o que ele nunca vai abandonar.
Se o sonho de todo preto é ouvir no ouvido um “vamos fugir?”, como um gesto de cuidado e salvação, Quanto mais eu como mais eu sinto fome é esse convite, ao mesmo tempo carinho e grito. É o som que a gente esperava ouvir de novo. Porque a nossa fome era, também, da sua arte, Djonga.
Vandalize nas redes:
Instagram: @Vandalizeoficial
TikTok: @vandalizeoficial
X(antigo Twitter): @vandalizeofc
WhatsApp: 71 9 84359763
por Lucas Rodrigues.
Vandalize nas Redes