É, tava esperando aquele Djonga cheio de revolta, letras com reflexão, né? Confesso, também tava, mas Gustavo surpreendeu falando de amor, ou melhor, fragmentos desse sentimento em suas diversas faces. Falar sobre o amor é, de fato, uma forma de militância, um ato reflexivo profundo, que vai além das aparências. O fato de um homem negro escolher esse tema causa, por si só, uma subversão. Visto que estamos acostumados a ouvir as angústias do povo preto.
E nisso, mais uma vez, Gustavo atingiu seu objetivo. Isso me faz questionar: por que um homem negro falar sobre o amor causa incomodo? A resposta para essa pergunta já foi dada pela internet há algum tempo, mas após analisar minuciosamente seu álbum, chego a outra questão: como o amor é apresentado aos homens negros?
O Gustavo é o mestre do processo, saca? Em "Leal" por exemplo, a letra pode parecer romântica à primeira vista, mas na verdade ressalta o processo de construção das relações afetivas, indo além da idealização da fidelidade, que muitas vezes se torna superficial. Nessa música, ele também nos brinda com uma verdade incisiva: "Coisas da vida, se for sua ex, ela vira sua amiga?" Em "Valeu a Batalha," a importância do processo é escancarada, mostrando que, mesmo se as coisas não terminarem com véu e grinalda na igreja, o que importa é o caminho percorrido.
Mas como fã de Djonga, a gente já percebeu que sua arte é como uma historia da vida real, saca? Onde ele sempre volta em algum momento que errou, que mudou de ideia, ou até mesmo pra repetir algo que talvez ainda não conseguimos captar em primeiro momento.
Não dá pra dizer que esse disco não foi reflexivo e educativo não é mesmo?
Gustavo nos faz repensar como o amor é vivenciado e, ao mesmo tempo, nos leva a apreciar o valor intrínseco do processo em nossas jornadas pessoais.
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