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Por que é necessário que existam MC’s de “mídia”?




- por @odinxmc


Entenda o porquê devemos AGRADECER MC’s que ostentam e que vão em programas de TV

                Só para que fique mais claro na nossa mente, a expressão “SER VENDIDO”, não tem absolutamente a ver com caráter. “Ser vendido” é usado pejorativamente, porém não deveria, já que todos nós, sem exceção, queremos ganhar dinheiro e ainda mais se o ganhar dinheiro estiver envolvido com fazer o que ama, ahhh... aí que fica uma maravilha mesmo!

                O atual público consumidor de RAP, em sua grande maioria, estão cada vez mais julgando artistas por fazerem músicas que não passa uma mensagem, que não conta nada sofrido ou que não fala da pobreza vivida pelo mesmo, ou seja, o público ama ver os outros se fodendo. A maioria dos MC’s em evidência hoje em dia, vieram de uma comunidade e eram pobres, assim, não tinham sobre o que falar a não ser do que eles viam, era o que eles estavam acostumados a fazer, pois ninguém que recebe menos de um salário mínimo sai falando de Camaro, mansão e coisas que só ricos/milionários possuem.

                A gravadora 1Kilo, por exemplo, esteve participando do programa “Encontro com Fátima Bernades”, no dia 18 de dezembro de 2017, mostrando a força em que o RAP tem e, além disso, mostrando que quem nasce pobre, tem que querer ser rico mesmo. E, ainda sim, foi visto como algo ruim, já que, segundo os novos “amantes” de RAP, tinham que ter feito igual o MVBill, que, destruiu a Globo em uma participação sua no Domingão do Faustão. Não que a atitude de Bill esteja errado, afinal, ninguém aqui passa pano para a Globo, mas querer que os integrantes da gravadora, com uma oportunidade de se divulgarem, ganharem mais dinheiro e expandir seus próprios negócios, estraguem tudo, só pelo simples fato de terem vindo de comunidades ou de famílias pobres, é querer um pouco demais, né?!

                O grande impacto causado pela existência desses MC’s é: a imigração de novos ouvintes de RAP, assim, crescendo ainda mais o nosso estilo musical amado. “Tá, mas e daí?”. E daí que tanto os artistas, como os ouvintes são favorecidos com isso. “Como?”. Bem, vou te explicar melhor. Os ouvintes são favorecidos por terem mais opção de estilo de RAP, tendo mais liberdade para escutar o que deseja e ainda sim, como aumenta o público, aumenta o material que será destinado tanto para o público que já está na cultura há um tempo, quanto aos que chegaram semana passada.

                Agora, para entendermos melhor o porquê da existência de MC’s de “mídia” ser algo positivo para uma cultura direcionada para os pobres, vamos citar alguns exemplos, esperamos que você tenha pensamento crítico e largue de lado o senso comum.

 Emicida

                Vamos começar por um grande exemplo, e esse talvez seja o mais importante entendermos, já que, é nítido a transformação financeira e lírica do artista, que, não se contenta com pouco. Talvez o maior exemplo que possamos dar seja o seu primeiro álbum, “Pra Quem Já Mordeu um Cachorro por Comida, Até Que Eu Cheguei Longe”, onde ele com a ajuda de Evandro, fez todas as capas do CD a mão, sem usar nenhum tipo de gráfica. Isso, para o público de RAP é algo que deveria ser mantido sempre, já que assim ele não está rico e pode continuar dizendo que é do RAP. Nada disso. Emicida vendeu mais 10 mil cópias deste CD e assim, já viu que a fama era questão de tempo. Como uma forma de mostrar que é fácil querer julgar sem ver o suor, Emicida larga esse verso na música “Quer Saber?”, que para mim, é um verso que toca lá no fundo da alma e te dá um tapa na cara ao mesmo tempo:

Porque é fácil querer ir no VMB, gata...
Eu quero ver fazer na mão 10 mil capinhas de cd

                Levando em conta, todo suor que Emicida teve em sua carreira, noites mal dormidas, cansaço, sofrimento etc, não achar digno que o mesmo tenha fama, não é nem ser péssimo amante de RAP, é ser um péssimo ser humano. Atualmente, Emicida não esqueceu sua origem, mas também faz músicas a qual o mesmo toca pessoas que não estão envolvidas no RAP, fazendo-as imigrar para o nosso tão querido estilo musical.

Hungria Hip-Hop

Exclusão? Jamais. Hungria, pelos novos ouvintes de RAP, pode ser visto como uma aberração, algo fora da proposta do RAP, por simplesmente falar sobre dinheiro, carro e mulher. Não consigo entender, me diga quem não quer ter uma vida cantada por eles? Não vamos ser hipócrita, né?! Aceitar que eles ajudam o crescimento e a expansão do RAP, não significa que você precisa ser fã. Quantas pessoas começaram a se envolver com RAP por causa de Hungria? A existência, tanto de Hungria, quanto de outros “artistas de mídia”, é totalmente importante para aquele trapper ou Mc undergroud que você ama, tenha mais reconhecimento e mais visibilidade, tanto no RAP, quanto nacionalmente ou mundialmente.

Por fim, concluímos que caso não existisse mc’s, gravadoras etc, que não fossem para a mídia, hoje, o rap teria um reconhecimento menor, inclusive, talvez nem você conheceria. Já que, muitos conhecem o rap através dos mesmos que hoje eles chamam de “moda”, dizendo que é ruim e que não passa uma mensagem. Já disse Djonga: “pra quem quer rap de mensagem, manda um rap meu por SMS”.