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“Pena Que Não É Reconhecido”


- por Lucas Angeleti

     Sou um consumidor assíduo de rap e por diversas vezes ele é pauta da conversa de bar com meus amigos. Novidades sobre a cena e o famigerado "top 5" sempre estão presentes. Convenhamos, todo mundo concorda que o 'Mano Brown' é o primeiro da lista, a briga tá nas outras posições, né?

     Partindo disso, o contato com diversas pessoas e os pensamentos em relação a ‘cena’, me fizeram pensar na abrangência de consumidores da cultura hiphop, a riqueza em detalhes e estilos, principalmente no Brasil, onde o público interno, se tornou fiel e feroz por lançamentos e mais lançamentos.Todos os dias tem um som novo na pista, um mc novo aparecendo no feed, um beatmaker novo vendendo seus beats e existem prós e contras pra isso tudo.

     O rap é tão revolucionário quanto a internet e eles conseguem andar lado a lado. A maioria dos sons feitos hoje em dia, saem de um home studio improvisado por um ‘menó’ que dedica suas horas a aprender a arte de produzir e decifrar o jogo do rap.

     "É muito fácil fazer rap, né? Grave, largue uma mix/master e lance. Pronto! Você é um MC." Infelizmente, eu já ouvi esse tipo de coisa na conversa do bar e tive de beber algumas cervejas para esquecer.

     O rap mudou a minha vida e meu modo de ver o mundo, foi um óculos personalizado que ajudou a moldar meu caráter. Mas lá no início, quando estava conhecendo a cena e seus tentáculos, eu buscava motivos pra entender porque rappers como o Kamau não tocam nas rádios e não estão nos fones de ouvido das pessoas. Encontrei a resposta no verso do rapper português Valete no som “Pela música part. 2”:

“ Não faças sons profundos
Porque as pessoas adormecem
Lembra-te:
Os tugas dançam melhor do que pensam
Por isso é que as rádios
Só passam sons de amor e festa
E por isso é que temos
Mais discotecas que bibliotecas.”


     A profundidade é o encanto do rap, quem se aventura e se entrega tem que ter fôlego para permanecer embaixo d’água. Tem de entender que aquele artista preferido não vende, mas precisa vender. Precisa vender sua arte e somos nós, público, que devemos comprar e disseminar.
Troque a frase nos comentários do youtube: “Pena que não é reconhecido” pela mensagem no whatsapp pro parça: “Você conhece o som do Victor Xamã?”.